A palavra "consentimento" virou figurinha carimbada nas conversas sobre sexualidade  e ainda bem! Mas será que a gente entende o que ela realmente significa? Ou será que só aprendemos a usar a palavra, sem refletir sobre como ela se aplica nas nossas próprias relações?

 

Porque o que parece óbvio na teoria, na prática ainda é confundido com silêncio, hesitação ou até com o famoso "mas ela tava a fim, né?". Spoiler: estar a fim uma vez não é convite eterno.

 

Vamos por partes: um exemplo simples (e genial)

 

Imagina que a sua parceira ama chá verde. É o favorito dela. Você sabe disso. Mas hoje, ela diz que não quer tomar. E aí, o que você faz?

 

Você obrigaria ela a beber mesmo assim?

 

Você se ofenderia se ela recusasse?

 

Você insistiria até ela ceder?

 

Provavelmente não, né? Porque mesmo gostando, ela pode não querer naquele momento. E tudo bem.

 

Pois com o sexo, deveria ser exatamente assim. O desejo é fluido, o contexto muda, o corpo sente de jeitos diferentes todos os dias. E o que vale mais que qualquer expectativa é a presença real da vontade.

 

Então… o que é (e o que não é) consentimento?

 

Consentimento É:

 

Um acordo mútuo, verbal ou não verbal, mas sempre claro.

 

Um "sim" entusiasmado, livre, sem pressões, sem culpa, sem medo.

 

Algo que pode ser retirado a qualquer momento.

 

Consentimento NÃO É:

 

Um “tanto faz”.

 

Um “tá bom, vai…”.

 

Um “não disse não, então deve querer”.

 

Um “já estamos transando, então agora tem que continuar”.

 

Consentimento não é só sobre iniciar o sexo. É sobre todo o processo. É sobre tocar, beijar, mandar nudes, experimentar algo novo  e até sobre mudar de ideia no meio.

 

Como se dá e como se recebe consentimento?

 

Para RECEBER consentimento:

Pergunte. E mais importante: escute de verdade. Perguntas simples podem abrir portas para experiências muito mais seguras e gostosas:

 

"Você tá curtindo isso?"

 

"Quer que eu continue?"

 

"Posso te tocar aqui?"

 

"Quer tentar algo diferente?"

 

Essas perguntas não quebram o clima. Elas constroem um clima de respeito, cuidado e conexão. E isso sim é sexy.

 

Para DAR consentimento:

Use palavras que deixem claro o seu prazer e vontade:

 

"Sim, isso tá maravilhoso."

 

"Adorei isso. Continua."

 

"Quero experimentar isso com você."

 

"Tô amando. Mais disso."

 

⚠️ Qualquer forma de pressão, chantagem emocional ou insistência invalida o consentimento. Se não for um "sim" livre, não é sim.

 

Duas coisas pra não esquecer:

 

1. Consentimento não precisa de motivo.

Você pode parar porque cansou, porque ficou insegura, porque lembrou de um boleto. Não importa. É seu direito.

 

2. Ele pode mudar o tempo todo.

Algo que era legal ontem pode não ser hoje. E isso é saudável. A comunicação constante é o que mantém a relação segura e prazerosa.

 

Um último lembrete (mas talvez o mais importante):

 

Você pode deixar de gostar de chá a qualquer momento. Ou simplesmente não querer tomar hoje. E ninguém tem o direito de te forçar, te julgar ou te convencer do contrário.

 

Com o sexo é igual. Consentimento é a base de tudo.

É o que separa o prazer do abuso.

É o que transforma o encontro em algo realmente compartilhado.

 

Se você nunca parou pra pensar nisso profundamente, tá tudo bem. O importante é começar agora. Porque quando o sexo é consensual de verdade, todo mundo sai ganhando.